A vida muda. As coisas mudam e
as pessoas mudam também... actualmente com uma facilidade enorme.
Sou daquelas pessoas que
admira a coerência, as relações longas, os sacrifícios que se fazem para
construir algo sólido. Não o que abdicam, mas sim o que estão dispostos a ceder
em prol do outro.
Admiro essa construção
não-egoísta, essa lealdade e essa coragem que diariamente se requer para se
manter laços com pessoas na nossa vida.
Mas às vezes as pessoas mudam,
mudam sem dar sinal, sem aviso prévio. Mudam porque a vida mudou, mudam porque
querem, mudam porque mudaram com elas, mudam porque assim entendem ou mudam nem
sabem porquê.
Não é fácil um dia acordar e
ver que a pessoa mudou. Que esteve e já não está. Que deixou para lá, que não
se importa mais, que escolheu outros caminhos e em vez da doçura o que nos dá é
de uma frieza incalculável.
As promessas viram nada, os
sonhos desabam, as esperanças caem, as memórias elevam-se.
Não é fácil deixar ir quem um
dia fez tanta questão de ficar.
Não é fácil, mas às vezes a
vida sabendo o que faz, fecha portas para que possamos abrir outras que nunca
teríamos visto antes.
Uma pessoa que foi especial
ontem, responsável por nos fazer sentir maravilhadas, por nos ter ensinado
mundos e fundos, pode hoje já não ser tão especial.
Temos muita resistência a
desapegar, a encarar a verdade que a pessoa mudou mesmo. Que por muito que lhe
expliquemos, queiramos ou desejemos as coisas já não são as mesmas. Há-que
aceitar isso antes que fiquemos enclausuradas numa dor que não é a nossa,
fechados e iludidos num passado que não volta mais nem se transformará em
futuro só porque queremos.
Temos dificuldade em aceitar o
fim de qualquer coisa, porque parece haver sempre uma esperança, um coração
cheio de um passado poderoso e saudoso. Aceitar que ontem é o ontem, que não
volta mais, pode-nos livrar de grandes desgostos e de ficarmos a remoer e a
reviver e a tentar que exista aquilo que por si só já não existe a não ser na
nossa cabeça.
Há sinais que têm de ser
decifrados, há fins que têm de ser bem terminados, há coisas que foram boas,
mas que dificilmente serão novamente e há um sinal que a vida nos diz para ser
feliz:
EM FRENTE E ENFRENTE, lembrando-nos que nada do que é muito forçado traz
no bico bom recado.
Nita
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