quinta-feira, 11 de junho de 2015

Aquele que me salvou


 
 
Sabes? Nunca percebi o que fiz para merecer que num aniversário meu aparecesse o presente mais valioso de sempre. Não tinhas laço, nem vinhas embrulhado em papel, mas tiveste algo que reluziu, que me marcou para sempre e que fez e que faz de nós, aquilo que hoje somos. Foste Aquele, aquele Aquele que esteve sempre comigo.
Se eu já adorava festejar os meus aniversários, cada ano que passa gosto mais. Porque nesse meu dia abençoada há sempre algo que cai do céu ou de sei lá eu onde, com asas e o Universo conspira a meu favor e oferece-me o melhor do mundo: pessoas especiais.
Tinhas um casaco branco e verde ( o teu amor pelo Sporting sempre presente), e no meio de uma centena de pessoas foi ao meu lado e à beira de um lago que ficaste.
E depois? Depois passaram-se anos. Já se passaram mais de dez anos e tu continuas a ser para mim alguém tão especial, alguém com quem eu aprendi e partilhei tanto, alguém que foi tão meu amigo sempre. Por isso é que nunca te tratei por outro nome a não ser "best", mesmo que passem anos sem te ver, mesmo que sejamos o oposto e eu queira conhecer o mundo, não parar quieta e enlouquecer na minha própria loucura e ambição e tu gostes da tua pacata vila, da simplicidade da Ericeira, do teu mar e das tuas ondas, da tua paz e da tua calma. Longe das redes sociais, sem Facebook, sem nada que te tire o que mais prezas: liberdade.
Mas depois, como na semana passada num dia tão FELIZ, em dois segundos eu digo, estou aqui e tu vens logo. Tu chegas logo. Mesmo que tenham passado meses sem nos vermos, mesmo que nos últimos tempos a distância tenha sido muita, entre a minha correria e a tua calmaria.
Mas logo que te vi, soube que não tínhamos perdido nada do que somos e fomos, nada do que construímos, nada do que nos ligava. Estamos intactos e parece que nunca se passou mais de uma semana sem sabermos um do outro. Cristalizámos que nem diamantes tudo o que de bonito conseguimos. Parabéns a nós.
Fizeste tanto por mim, David. E eu nunca conseguirei agradecer-te totalmente isso, nem explicar por palavras aquilo que devoto. Às vezes culpo-me pela distância, pelos dias que passam, por não partilhar contigo as minhas vitórias de hoje em dia e que tu projectast o passado: as minhas alegrias no palco da vida. Mas tu sempre preferiste o camarim, sempre preferiste a tua transparência e preocupação apenas comigo. Tu deste-me o impulso, tu preparaste-me para ser feliz, para ser guerreira e para vencer.
Nunca duvidaste de mim mas quando tudo o que queria era desistir. Nunca rotulaste, te sentiste menos preparado para lidar com as intempéries, nunca deixaste que algo me confinasse. Nunca lidaste com frieza, indiferença ou medo. Eras o porto de abrigo e isso concedia-me tanta fé, esperança e certeza que eu não podia mesmo parar. Nunca duvidaste que eu ia conseguir atingir os meus sonhos e metas. Nunca duvidaste que eu era capaz ou do meu valor, mesmo quando eu caia e tombava, mesmo quando eu tropeçava e deslizava. Mesmo quando perdi a audição, perdi a visão e viste os meus olhos cozidos e me viste sem cabelo. Mesmo quando a esperança era pouca, mesmo quando eu estava no outro lado do mundo e tu todos os dias telefonavas à minha mãe para saber de mim, para a apoiar a ela e ela a mim.
Não sei onde foste buscar tanta força e coragem, quando me vias a descer um poço que parecia não ter fim. Eramos jovens (fase 16 aos 19) cheios de sonhos e de mundo, e tu devias correr todas as festas e muitas vezes abdicaste delas. Foste buscar tudo o que de bom conseguiste e deste-me, entregaste-me tudo com tanta convicção que tudo ia ficar bem. E com tanta paciência também que literalmente me salvaste. Salvaste mesmo.
Lembro-me dos teus 18 anos, de ficares logo com a carta, da quinta e das surpresas, das pranchas de surf e da tua alegria. Lembro-me que aos teus 19 eu já estava literalmente a cair no abismo e fui ao teu encontro no dia de anos com a cabeça cheia de ligaduras e um cansaço extremo que durante semanas me colou a uma cama, mas que naquele dia teve que ser combatida.
Eu chegava de viagens e tu ias-me buscar ao aeroporto, ias Ericeira, Sintra, Cascais, Lisboa e depois todo este trajecto de novo em poucas horas. Fizeste directas quando os meus voos chegavam de madrugada. Foste buscar e levar as minhas amigas, fizeste piscinas entre trabalho e o meu bem estar. Era só isso que tu querias, que eu me sentisse bem, e foi sempre por isso que fizeste. Fizeste tudo, TUDO o que de bom alguém pode fazer. Nunca cobraste, nunca nos chateámos, nunca nos julgámos.
A teu ser genuíno é algo que me comove, a tua bondade e generosidade não têm preço, não há nada no mundo que pague isso. NADA.
A tua lealdade para contigo mesmo, o quanto cresceste depressa, a tua noção do mundo e do que querias para ti, fazem-me sentir-me pequena e demasiado honrada, grata e orgulhosa. O teu abraço foi a minha maior protecção. Foste a minha sorte grande.
Mil vénias e aplausos para ti.
E por muito tempo que passe, e por muitas lutas que trave, naquela que decidia a minha vida, naquela em que me viste antes e depois do maior marco da minha existência, tu foste espada e escudo, tu foste tudo o que eu precisei para hoje ser uma pessoa tão feliz e realizada.
Sei que detestas estas coisas, mas sente hoje, daqui a vinte, trinta, cinquenta anos, o mérito de me teres dado a mão para que eu não tivesse ficado presa nos meus medos ou limitações e agarrado as tuas asas e nunca mais tenha parado de voar.
Devo-te e dou-te a vida sem pestanejar duas vezes.
Adoro-te BEST,
do fundo do coração,
Do mais fundo do coração,
Nita
P.S. Ainda ontem pegavas no meu irmão ao colo, hoje ele tem 13 anos, é lindo como tu e está da tua altura!

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