Diz-me onde falhei, Nita. Onde errei?”
Perguntaram-me isto. Uma amiga querida aquando falava do
seu ex-namorado.
Tinha nela todas as culpas existentes e inventadas, um
sentimento de falhanço que não lhe cabia no peito e entortava qualquer visão
clara do seu amor próprio.
Foi então que lhe decidi escrever.
“Tu não falhaste. Podes ter errado, como todos erramos,
num dia, num momento, numa resposta sem te aperceberes. Mas não falhaste. Não és
a falhada porque te dás, não és nem essa vitima nem essa pessoa.
Acredito que vê-lo com alguém seja um murro forte no
estômago. Acredito que o teu amor e orgulho ferido sejam a fonte de muita
tristeza, que eu sei que sentes e jamais quero desprezar.
Mas certas coisas acontecem como têm de acontecer, seguem
o seu ciclo, o seu curso e o que está em questão não é onde a namorada dele
agora acerta e tu falhas. Isto não é assim.
Qualquer fim custa, roubam-nos o chão, o amor próprio,
pedaços de nós, histórias, momentos e memórias que se entregam de bandeja. Dói,
dói demais. Mas é precisamente quando começa a doer, a doer demais, ainda antes
do fim, ainda antes das decisões, que está na hora de mudar de rumo e de seguir
em frente.
Por muito que custe, por muito que doa.
A novidade motiva mas nem sempre preenche. Por isso não te
digo já para morreres de amores por mil pessoas, mas sim para sarares as tuas
feridas, acalmares os teus medos e resgatares-te a ti mesma. Não falhaste.
Amaste e amaste muito, foram felizes, viveram essa felicidade e aproveitaram-na
nesse momento. Mas tantas são as vezes que coisas boas têm de ir embora para
melhores chegarem.
Não vale a pena o odiares, odiares a outra ou odiares-te
a ti. Isso é um ciclo derrotista, e isso sim é falhar. Quando te deixas
consumir por esses rancores, quando deixas a tua vida à mercê dos outros,
quando te esqueces de quem és e da força que tens para enfrentar os desafios da
vida, quando és a tua própria inimiga e só vês defeitos em ti, defeitos no que
tiveste, defeitos nos outros. Calma que isso não leva a lado nenhum, calma que
isso rouba-te a alma, calma que nada dói para sempre.
Vá lá meu bem, penteia esse cabelo, levanta essa cabeça,
agradece o que viveste, aprende com o que sofreste, levanta o astral e apanha
as rédeas da tua vida. Afinal quem te interessa? Tu ou ela? Qual a vida que és
responsável? A tua ou a deles?
Se não tratares de ser forte para ser feliz, ninguém mais
o faz por ti.
Não falhaste. Tu amaste. Tu viveste. Acabou e aprendeste.”
Nita
Sem comentários:
Enviar um comentário