quarta-feira, 23 de março de 2016

É urgente

E agora que parece tudo mais calmo, tudo num rescaldo, tudo a pensar... e a pensar na vida.

Na ultima semana o inesperado aconteceu. De um momento para o outro a cultura portuguesa ficou mais pobre, de relance, de súbito, sem ninguém esperar. E ontem foi o que foi. Que murro no estômago, que aperto no coração, que angustia, que aflição…

Eram vidas com tanto por viver, eram pessoas sem culpa, foram vidas ceifadas, famílias destroçadas, o azar de estar no sitio errado a hora errada.

Cresci com exemplos de que a sorte dava muito trabalho, que a sorte se constrói, que a sorte é um prémio do esforço… Cresci com exemplos de que o azar existe para quem não luta, para isto e para aquilo.
UMA MERDA.
Desculpem-me os palavrões. Desculpem-me a linguagem. Mas o azar existe. E a sorte também. Existiu ontem. Já não basta lutar por mil coisas, trabalhar muito, alimentar-nos bem, fazermos exercício, termos boas rotinas, boas relações… É preciso mais, é preciso sorte que não depende de nós.

Somos todos tão insignificantes, viramos pó do nada, viramos recordações. Um dia alguém se lembra de largar uma bomba e pronto acabou a nossa estadia aqui.

Que desespero isto me causa. Que angustia não termos controlo sobre isto.

A verdade, é que nenhum de nós, sabe muito bem lidar com isto, pois as teorias são muito fáceis, mas quando nos toca de perto, na pele ou na família sabemos que não é assim tão linear, tão teórico, tão simples como lamentar, içar uma bandeira ou escrever.

Cada vez mais o inesperado acontece, em todo o lado, em todo o mundo e nós sabemos mas nem pensamos muito nisso. Só quando há alguma calamidade é que nos recordamos: estamos de passagem.

E é por isso que é URGENTE viver no presente e um dia de cada vez, as nossas certezas são poucas e cada vez menos, as nossas vidas mudam a cada instante, o nosso mundo parece correr a um ritmo gritante.

É urgente amarmos mais e melhor os nossos, colocarmo-nos no lugar deles, não ficarmos com nada por dizer nem nada atravessado. Perdoarmos, relativizarmos e sermos mais tolerantes. Mais simples a pensar, mais resistentes a sentir, mais inteligentes a viver.

Se chegarmos cinco minutos mais atrasados, chegamos. Agora não podemos é atrasar isto de viver um bocadinho melhor, ser um bocadinho mais feliz, porque é nesse atraso que a vida pode dar uma machadada e acaba tudo ali.

E depois? E depois não sabemos.

Nita

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