sexta-feira, 4 de março de 2016

Uma Nita muito feliz



Saia do Dubai para Londres, de Londres para Lisboa, de Lisboa para Luanda, saltava o mundo todos os meses. Queria viver tudo ao máximo, aproveitar, trabalhar, matar saudades dos amigos, corrijo, dos meus melhores amigos.

Tinha uma agenda cheia e uma responsabilidade maior para não falhar.

Aceitei entrevistas e palestras. Aceitei mais trabalho. Aceitei pedidos de ajuda.

Queria o mundo, vivia com tanta intensidade que não conseguia estar, era sempre tempo de partir e a outro lado chegar.

Fui feliz. Fui tremendamente feliz. Tive grandes picos emocionais, sofri bastante e tive dos melhores momentos de sempre. Aprendizagens também, desilusões e alegrias foram abundantes.

Senti a vida a vibrar, e senti-me viva de passaporte na mão sozinha a viajar para vários locais.

Desafiei-me. Encarei os meus medos.

Mesmo quando me lembravam da “saúde” e que estava a abusar, eu não parava. Efervescia em mim uma enorme vontade de viver. Senti tudo o que vivi, senti-me a fechar um ciclo, a começar outro.

Antes, era eu e o mundo.

Agora mudou como tanta coisa muda naturalmente: sou eu e os meus.

Também devido a várias circunstâncias, das mais variadas áreas já não me interessa tanto descobrir o mundo sem parar um segundo, já não me interessa ter uma agenda carregada e as malas sempre feitas, agora o meu foco tem sido desfrutar. Conseguir estar. Conseguir estar para as pessoas que amo, sem pressas, sem rodopios, sem relógios. Conseguir jantar com elas com tempo, ou almoçar com tempo. TEMPO. Aquilo que de mais precioso tenho.

Conseguir atender às coisas simples, ao facto de me sentir tao feliz simplesmente por estar com quem gosto e sentir-me tão abençoada por terem saúde.

E eis que vejo lá ao longe o equilíbrio, esta minha paz que joga com a motivação a meu favor, em que dou conta de cada segundo que abraço as minhas pessoas, que partilhamos tudo e nada, que brindamos à vida.

Continuo a trabalhar muito, com o máximo de foco para o tempo rentabilizar, já não me interessa o que dizem, o que o outro fez ou não fez, o que falam, o que comentam ou esperam, eu espero muito é de mim mesma.

Tenho reencontrado amigos, tenho bebido da sua boa energia e sem ser os primeiros dias de Janeiro não mais me chateei, aceitei e passei a ser muito mais incondicional no que dou, no que sou e no que amo.

Tem sido tão bom!

É um filtro que o coração nos dá, ficamos cansados de andar sempre no meio de filmes e rodopios, a tentar chegar a tudo sem chegar a nada, a ver a vida a passar tão depressa e nós tão assustados.

A Nita que ama, a Nita que cuida, a Nita que está, a Nita que recebe e abraça, poucos mas sem duvida, os melhores do mundo, é igualmente uma Nita muito feliz!

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