quinta-feira, 2 de julho de 2015

Cinco minutos que nos tinham salvo



Todos os fins, custam. O nosso não foi excepção.
Todos os fins têm uma quota parte de exaustão. O nosso também não foi excepção.
Quando demos por nós, os dias tinham consumido a nossa chama, foi-se extinguindo aos poucos, perdeu-se pelo conformismo onde ambos fracassámos e falhámos.
Tínhamos a história mais bonita do mundo. Uma de filme. Daquelas cheias de uma paixão arrebatadora, cheias de meses a lutar para nos mantermos intactos, embora ambos carregássemos um passado pesado.
Filhos de um destino que nos cruzou três  vezes e cada vez nos sussurrava que não era o momento ideal mas que valeria a pena e nós continuávamos a amar, eu a lutar para te salvar, para te fazer renascer, para te amparar e crer juntamente contigo que tudo ia dar certo.
Provei que te amava tantas vezes, quantas as que tolerei algumas coisas intoleráveis.
Nunca te quis perfeito, amei-te em cada defeito e acho que foi por isso mesmo que te amei tanto.
Mas depois aos poucos cansei-me de ser eu a batalhar para nos trazer a bom porto, nadei nas águas mais turbulentas, faltou-me as forças e afoguei-me na dor. Cansei-me mas não perdi a esperança e foi aí que tu percebeste que estava na altura de te levantares também e nadamos juntos no mar de tantas tormentas que tinhamos pela frente, mas que nos faria chegar a uma ilha de sol e de amor.
Mas o Sol do verão queimou a nossa pele e a nossa ilha, torrou a paixão e a nossa paciência ficou carbonizada. Pelo menos, a minha.
Mas volto a dizer, cinco minutos tinham feito a diferença.
Já em terra, demos por nós num beco sem saída, com ideias e mentalidades diferentes, objectivos divergentes, que outrora tivéramos coragem de equilibrar, mas agora o quebranto tomou conta de nós e fomos (ou pensávamos ter sido) unânimes. Era o fim. O inevitável fim.
E discutimos o fim, atirámos as coisas um ao outro como se isso fizesse parte do desapego e do livramento daquilo que nos pesava, esquecendo-nos que nesse momento iria começar o magoar, a falta de respeito, e a luta dos egos.
Não quisemos assim, mas pessoas exaustas são um perigo. Nós fomos esse perigo.
E enquanto tu gritavas e eu virava costas, esperei do mais fundo de mim, que me chamasses, que a tua voz mudasse o tom, que algo te fizesse respirar mais fundo quando eu te entreolhava de soslaio, a andar para a frente mas com a cabeça a teimar olhar para trás onde tinha ficado o coração algures por aí.
E foram cinco minutos até eu me perder no horizonte e tu continuavas a bradar e a gritar como se enxotasses comigo uma parte da tua vida.
E foram esses cinco minutos, os suficientes por nos perdermos, por tudo aquilo que eu não tive coragem de te dizer, de elevar o amor acima de tudo, enquanto ao mesmo tempo me insultavas, reduzias todos os esforços que eu tinha feito para te salvar das agruras do passado da tua vida.
E ao mesmo tempo, nunca te amei tanto como nesses cinco minutos, nunca te quis tanto, mas nunca soube com tanta certeza, que se voltasse para trás, seria eu, mais uma vez, a guerrear numa guerra que ambos parecíamos perder.
O amor é para os fortes, para os corajosos, para os que pensam para lá do seu umbigo, para aqueles que batalham juntos sem se acomodarem, sem se esquecerem que amar é muito soberano e só os valentes têm capacidade de o fazer.
Nita

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