Todos os fins, custam. O nosso não foi excepção.
Todos os fins têm uma quota parte de exaustão. O nosso
também não foi excepção.
Quando demos por nós, os dias tinham consumido a nossa
chama, foi-se extinguindo aos poucos, perdeu-se pelo conformismo onde ambos
fracassámos e falhámos.
Tínhamos a história mais bonita do mundo. Uma de filme.
Daquelas cheias de uma paixão arrebatadora, cheias de meses a lutar para nos
mantermos intactos, embora ambos carregássemos um passado pesado.
Filhos de um destino que nos cruzou três vezes e cada vez nos sussurrava que não era o
momento ideal mas que valeria a pena e nós continuávamos a amar, eu a lutar
para te salvar, para te fazer renascer, para te amparar e crer juntamente
contigo que tudo ia dar certo.
Provei que te amava tantas vezes, quantas as que tolerei
algumas coisas intoleráveis.
Nunca te quis perfeito, amei-te em cada defeito e acho que
foi por isso mesmo que te amei tanto.
Mas depois aos poucos cansei-me de ser eu a batalhar para
nos trazer a bom porto, nadei nas águas mais turbulentas, faltou-me as forças e
afoguei-me na dor. Cansei-me mas não perdi a esperança e foi aí que tu
percebeste que estava na altura de te levantares também e nadamos juntos no mar
de tantas tormentas que tinhamos pela frente, mas que nos faria chegar a uma
ilha de sol e de amor.
Mas o Sol do verão queimou a nossa pele e a nossa ilha,
torrou a paixão e a nossa paciência ficou carbonizada. Pelo menos, a minha.
Mas volto a dizer, cinco minutos tinham feito a diferença.
Já em terra, demos por nós num beco sem saída, com ideias e
mentalidades diferentes, objectivos divergentes, que outrora tivéramos coragem
de equilibrar, mas agora o quebranto tomou conta de nós e fomos (ou pensávamos
ter sido) unânimes. Era o fim. O inevitável fim.
E discutimos o fim, atirámos as coisas um ao outro como se
isso fizesse parte do desapego e do livramento daquilo que nos pesava,
esquecendo-nos que nesse momento iria começar o magoar, a falta de respeito, e
a luta dos egos.
Não quisemos assim, mas pessoas exaustas são um perigo. Nós
fomos esse perigo.
E enquanto tu gritavas e eu virava costas, esperei do mais
fundo de mim, que me chamasses, que a tua voz mudasse o tom, que algo te
fizesse respirar mais fundo quando eu te entreolhava de soslaio, a andar para a
frente mas com a cabeça a teimar olhar para trás onde tinha ficado o coração
algures por aí.
E foram cinco minutos até eu me perder no horizonte e tu
continuavas a bradar e a gritar como se enxotasses comigo uma parte da tua
vida.
E foram esses cinco minutos, os suficientes por nos
perdermos, por tudo aquilo que eu não tive coragem de te dizer, de elevar o
amor acima de tudo, enquanto ao mesmo tempo me insultavas, reduzias todos os
esforços que eu tinha feito para te salvar das agruras do passado da tua vida.
E ao mesmo tempo, nunca te amei tanto como nesses cinco
minutos, nunca te quis tanto, mas nunca soube com tanta certeza, que se
voltasse para trás, seria eu, mais uma vez, a guerrear numa guerra que ambos
parecíamos perder.
O amor é para os fortes, para os corajosos, para os que
pensam para lá do seu umbigo, para aqueles que batalham juntos sem se
acomodarem, sem se esquecerem que amar é muito soberano e só os valentes têm
capacidade de o fazer.
Nita
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