terça-feira, 4 de agosto de 2015

A vida enfrenta-se de frente


Estava a fazer scroll ontem à noite, e além de já não sermos amigos nesta rede social, nem em qualquer outra, apareceste-me identificado na fotografia de amigos em comum. Estavas na noite e estavas a a sorrir, contrariamente ao que se tem passado nos últimos meses, desta vez o meu coração não parou, não sei bem o que senti, já não pensava em ti a algum tempo, parece que o que vivemos foi noutra época, noutra vida, noutro mundo.

Quando acabaste comigo, acabaste literalmente comigo, de uma ponta à outra do que sou. Como tivesse que encarar todos os meus medos, como se os mesmos se tornassem reais. Doeu tanto.

Acabaste de um modo tão frio, tão a despachar, como se deitasses fora os copos de plástico de uma festa qualquer que agora já não serviam. Foi aí que te revelaste, foi aí que me culpei ter gasto tanto do meu tempo contigo. Foram cinco anos.

Foi assim, poucas palavras, nenhum sentimento, a quereres livrar-te de feridas e de culpas, para não te doer mais a ti do que aquilo que era suposto. Foste ainda mais egoista do que aquilo que costumavas ser.

Fiquei em choque e impávida, questionei-me onde tinha falhado e errado, e como tu te tinhas transformado. Já não eras o mesmo. E nunca foi por ti assim que eu me apaixonei.

Quando me apaixonei, entrei naquele mundo cor-de-rosa como são todos os inícios, não liguei ao que me diziam, achava que conselhos eram invejas, que abre-olhos eram ciúmes, que avisos eram dores de cotovelo. Só vimos o que queremos ver, mas quando estamos tão exacerbadamente apaixonadas, nem isso atingimos. Não me culpo por isso, e hoje já não guardo ressentimentos, não anulo cinco anos da minha vida, não mudava nada, tinha era feito de outra forma. Mas que me vale isso agora? Agora vale o que aprendi, a tomar mais conta de mim, a resgatar-me e a depender unicamente de mim para ser feliz.

Perdoei-me para me salvar, para me libertar. Guardo momentos docemente bonitos, amámo-nos bastante, acreditávamos no mesmo horizonte, caminhávamos de mãos dadas e eu via nos teus olhos a simplicidade de tudo isso e a verdade dos mesmos, mas os ultimos meses já não foram assim, já havia aí qualquer coisa nessa cabeça e coração a ditar o fim, e o nosso amor passou de validade. Foi bom enquanto durou.

Só passados todos estes meses eu te escrevo com mais paz, sem tanta acusação, sem te desejar nada que não seja bom, nada que não seja bonito.

Porque eu era assim antes de toda esta tempestade: cristalina, apaixonada pela vida, generosa e leve. Não quero guardar rancores para mim mesma, não quero beber do meu próprio veneno.

Somos hoje duas pessoas muito diferentes, com outras vontades, outras crenças, outros objectivos, marcadas pelo que vivemos, quebradas pelo que rompemos, recompostas pela vida que se vai endireitando, pela fé que se vai ajeitando.

Perdoei-me, perdoei-te, restaurei-me, amei-te. São factos e não os nego. Mas a vida enfrenta-se de frente, e foi isso que eu fiz, e sabes que mais? Hoje sou ainda mais feliz.

 
Nita

Sem comentários:

Enviar um comentário