quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Fins díficeis, podem gerar começos incríveis

Não sei há quanto tempo não te escrevo, nem há quanto tempo que não me sinto tão feliz, lucidamente feliz e consciente.
Quero que saibas que quando acabaste comigo, quando o nosso castelo se desmoronou, quando deste mil e uma desculpas para fugir da verdade e quando me roubaste o mundo e o coração, fiquei sem chão.
Diziam-me que era uma fase, que desgostos fazem parte, que o tempo cura e ajuda e que eu ainda ia ser muito feliz. Eu duvidava, parecia fazer birra e era teimosa o suficiente para não acreditar que tudo era lição e que ia mesmo ser muito feliz.
Tinhas esse poder sobre mim, deixavas-me tola e cega.
Às vezes somos assim, essencialmente quando algo da nossa vida, simplesmente desaparece, quando o tudo de ontem, vira o nada de hoje. Ficamos assustados e amedrontados.
É estranho quando te apegas durante anos, quando te habituas e quando amas alguém, e depois essa pessoa muda, desaparece sem deixar rasto, sem aviso, sem noção. Eu tenho outro nome para isto, assim muito baixinho e rápido te digo: cobardia.
Nos meses seguintes a isso, fiquei letárgica e vazia. Sempre precisei de factos e explicações plausíveis para as coisas acontecerem de certo modo. Onde tinham ficado as nossas promessas? O que era feito dos nossos sonhos? Dos nossos segredos?
Sempre gostei muito de seguir uma ordem, um caminho que fosse em frente e não um labirinto que do nada acaba. Mas até isso eu tinha de aprender. Que tudo muda e que as coisas acontecem por vezes sem esperarmos.
A magia acontece e o Universo agradece.
E aconteceu. Sabes? Voltei a sentir as borboletas na barriga, voltei a ter uma fé infinita, uma energia que parece não acabar. Mudei, cresci, fortaleci-me, aprendi e continuei a viver.
Hoje percebo que algumas das nossas crenças eram utópicas, que por vezes coisas boas acabam, para melhor virem. Que fins difíceis, podem gerar começos incríveis.
Voltei a abrir o coração, voltei a sorrir e a andar descalça, voltei aos pores-do-sol, às camisas largas, ao café da manhã despenteada. Voltei a sentir uma adrenalina imensa cada vez que o telemóvel toca, voltei a dar-me e a entregar-me. Voltei a ser.
Sim, quando menos esperei o meu coração adormecido voltou a bater com muita força, voltei a sentir-me invencível, voltei a sentir-me viva.
O amor é uma coisa maravilhosa e a paixão foi ainda mais teimosa que a minha própria teimosia.
Acho que não trocava nada do que vivemos, foi à pala disso que eu estou como estou, e sou como sou, e aprendi o que aprendi. Com algum custo é verdade. Mas faz parte.
Hoje tenho mais fé, vivo mais no presente e aproveito-o melhor, hoje acredito mais que a vida sabe o que faz, que nem tudo é mau e que só percebemos que afinal foi uma benção um tempo depois.
Há fins felizes e há outros necessários.
Hoje sei que nunca haverá explicação para tudo,  mas que a vida não é para ser explicada, é para ser vivida.
Hoje sei que se cair oito vezes, vou conseguir levantar-me nove e isso foste tu que me ensinaste, quando me pregaste uma rasteira no caminho que juntos percorríamos. Deste-me depois outro pontapé e hoje vejo que até isso me ajudou a seguir em frente de um modo melhor e diferente.
Obrigada por tudo isto,
Nita
 
 
 

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