Tremi.
Enquanto me davas as mãos e
tremias comigo, em menos de cinco minutos repetiste isto duas vezes, com voz bem trémula,
insegura e dorida. Hesitante e gaguejante prosseguias.
Lia-te o medo nos olhos, uma
espécie de desculpas pelos erros cometidos sem qualquer tipo de noção das
consequências, e um excesso de culpa nas costas que te fazia pesado e com a coluna
torta.
Letargia, eu dizia.
Além disso via-se amor, via-se
um pedido de ajuda inconsciente e eu abraçava-te com força nestes intervalos.
Abraçava-te como se te fosse proteger do mundo, como se ao abraçar-te com força
te entalasse as dores e estas acabariam por desaparecer.
Ao mesmo tempo, arranjava
coragem para te dizer de um modo mais racional e simplório que quem se tem que
orgulhar mesmo muito de ti, és tu. Isso é sempre a prioridade.
Não queria ser fria com isto,
porque tenho a certeza que querias mesmo que eu me orgulhasse muito de ti. E eu
orgulho-me muito, mas mais ainda quando tu também o fazes. Porque isso é sinal
de crescimento, de verdade e realização pessoal, de consciência, de lealdade
para contigo em seres cada dia uma pessoa melhor, mais ampla, e mais total,
mais preenchida e mais real.
Quando te orgulhas de ti, isso
reflecte-se na tua vida, na tua maneira de a viveres, nas tuas conquistas, nos
teus sonhos, no teu amor-próprio. Significa que és coerente contigo, que não
andas à sombra do mundo à espera de algo que não tem fundo, que as tuas acções
têm eco e que os teus propósitos são autênticos.
E isso ainda me deixa tão mais
orgulhosa, tão mais honrada de tudo o que és.
Juro-te meu amor, tenho mesmo
muito orgulho em ti, mas também quero que sejas o primeiro a saber o que isso
significa.
Nita
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