quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Orgulho em ti

"Só quero que se orgulhem de mim. Aliás, quero que sejas a pessoa que mais se orgulha de mim, Nita."


Tremi.

Enquanto me davas as mãos e tremias comigo, em menos de cinco minutos repetiste isto duas vezes, com voz bem trémula, insegura e dorida. Hesitante e gaguejante prosseguias.

Lia-te o medo nos olhos, uma espécie de desculpas pelos erros cometidos sem qualquer tipo de noção das consequências, e um excesso de culpa nas costas que te fazia pesado e com a coluna torta.

Letargia, eu dizia.

Além disso via-se amor, via-se um pedido de ajuda inconsciente e eu abraçava-te com força nestes intervalos. Abraçava-te como se te fosse proteger do mundo, como se ao abraçar-te com força te entalasse as dores e estas acabariam por desaparecer.

Ao mesmo tempo, arranjava coragem para te dizer de um modo mais racional e simplório que quem se tem que orgulhar mesmo muito de ti, és tu. Isso é sempre a prioridade.

Não queria ser fria com isto, porque tenho a certeza que querias mesmo que eu me orgulhasse muito de ti. E eu orgulho-me muito, mas mais ainda quando tu também o fazes. Porque isso é sinal de crescimento, de verdade e realização pessoal, de consciência, de lealdade para contigo em seres cada dia uma pessoa melhor, mais ampla, e mais total, mais preenchida e mais real.

Quando te orgulhas de ti, isso reflecte-se na tua vida, na tua maneira de a viveres, nas tuas conquistas, nos teus sonhos, no teu amor-próprio. Significa que és coerente contigo, que não andas à sombra do mundo à espera de algo que não tem fundo, que as tuas acções têm eco e que os teus propósitos são autênticos.

E isso ainda me deixa tão mais orgulhosa, tão mais honrada de tudo o que és.

Juro-te meu amor, tenho mesmo muito orgulho em ti, mas também quero que sejas o primeiro a saber o que isso significa.

 

Nita

 

 

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